"Ultimamente não consigo diferenciar se estou degustando um LP ou se estou escutando um whisky, mas de fato, o resultado tem sido de dias mais alegres e de noites mais sedutoras." - Pjota Tomé.
No verão de 1987, há 36 anos, era lançado o álbum Appetite for Destruction da banda estadunidense, Guns N' Roses. Eu tinha apenas 5 anos mas sabia que anos mais tarde, seria um head banger total. A banda formada por Axl Rose, Slash, Izzy Stradlin, Duff McKagan e Steven Adler, esbanjou maturidade ao entregar uma, que pra muitos é considerado a obra prima da banda.
Se trata de um disco de estreia repleto de hits, como "Welcome to the Jungle", "It’s So Easy", "Nightrain", "My Michelle", "Think About You", "Sweet Child O’Mine" e "Paradise City".
Mesmo se tratando de um disco icônico, com vocais viscerais do Axl, no seu auge, solos clássicos do Slash e uma sinergia absurdamente incontestável do Duff, Izzy e Steven, o sucesso só veio em 1988 com o single "Sweet Child O’Mine", sendo número 1 nas paradas da Billboard, onde ficou por duas semanas, e o álbum chegou em 1º nas paradas, permanecendo por quatro semanas no topo na Billboard 200, no mesmo ano.
...to the Paradise City
Entre tantos caminhos que nos conduzem ao paraíso, ou à nossa tão desejada Shangri-lá, a banda elaborou o esboço do que viria a ser uma 'Paradise City' durante o retorno de um show. Muitos acretidam que estavam a caminho de Los Angeles. A música fala de alguém necessitado que deseja ser levado para casa, para o paraíso, onde a grama é verde, o céu azul e as garotas são lindas.
Não sou o vagabundo e necessitado descrito na letra da música, mas ao saborear os uísques da Four Roses, sinto a necessidade de suplicar para que me levem a essa jornada sensorial, cuja explosão de sabores nos envolve e nos fascina. Cada receita (Mashbill) é única e nos cativa a cada gole.
É como se, ao abrir uma garrafa, o som que o uísque produz ao tocar o fundo do copo fosse o equivalente ao som que a agulha da vitrola faz ao tocar um LP (Long Play), com aquele chiado agradável
"Ultimamente não consigo diferenciar se estou degustando um LP ou se estou escutando um whisky, mas de fato, o resultado tem sido de dias mais alegres e de noites mais sedutoras." - Pjota Tomé.
Um fato curioso sobre esse disco é a Capa. Ela foi criada por Robert Williams em 1978, bem antes da gravação do disco e lançamento. A banda não tinha uma relevancia na cena de hard rock, quando entrou em contato para licenciar a imagem como capa de um disco. “Eles pagaram as taxas de licenciamento como qualquer banda nunca ouvida de punk rock pagaria. Não foi muito. Para mim, eles eram apenas outra banda de garagem”, contou o artista.
Por conter violência gráfica contra a mulher, motivo pelo qual é muito criticada e também foi alvo de campanhas de grupos feministas já na época, a gravadora se viu na obrigação de forçar as lojas a removerem o material antigo. Para solucionar o problema, lançaram a capa com uma cruz e 5 caveiras, representandos cada um dos integrantes.
Shangri-lá...
A nossa pacífica terra prometida, a nossa Shangri-lá, está localizada em Lawrenceburg, no Kentucky, estado que é o berço de várias e famosas destilarias de Bourbon.
Tudo começou há 135 anos, lá em 1884... Ops! Espera aí, mas as contas não batem. Na garrafa consta 1888? De onde veio essa aritmética, Pjota? Simples, e vou te contar: O jovem Paul Jones Jr. saiu de Atlanta, na Geórgia, onde ele já tinha seu negócio, para Louisville, no Kentucky, em 1884. Porém, em 1888, foi quando ele registrou o nome Four Roses. Reza a lenda que o registro ocorreu logo após sua namorada ter aparecido em um grande baile para aceitar sua proposta de noivado com um buquê de quatro rosas vermelhas. Desde então, essa data está presente em todos os rótulos do Four Roses Bourbon.
... e seus tesouros
Então, quais são os mistérios que tornam a destilaria Four Roses tão especial?
São as suas receitas, aprimoradas e preservadas ao longo de todos esses anos, que o tornam um bourbon tão especial e único.
Um total de 10 cepas proprietárias que, por meio de duas misturas diferentes (mashbill), conferem ao destilado uma complexidade interessante e fascinante.
Antes de apreciar a sonoridade das garrafas deste post, vamos mostrar quais as receitas que a destilaria usa para o seu destilado.
A Four Roses destila seu bourbon usando dois mashbills diferentes. O mashbill “B” é composto por 60% de milho, 35% de centeio e 5% de cevada maltada, enquando a mashbill “E” consiste em uma mistura de 75% de milho, 20% de centeio e 5% de cevada maltada.
Eles têm 5 cepas proprietárias diferentes de levedura:
V - frutado delicado
K - caráter levemente picante
O - frutado rico
Q - essência floral, e
F - fitoterápico.
O Riff nosso de cada dia
Em meio aos riffs, baladas e grooves, apresentamos a tríade de sucesso que embala e agrada àqueles que apreciam um bom uísque e sabem extrair o que há de melhor em um bourbon:
Four Roses Bourbon: Um bourbon jovem, com maturação mínima de 5 anos e teor alcoólico de 40%. No olfato, apresenta notas florais e toques de mel e baunilha. Na boca, revela-se suave, com nuances de maçã, pera, caramelo e doce de leite. No final, notas suaves persistem, com dulçor de presença prolongada. Suas variações incluem OBSV, OBSK, OBSO, OBSQ, OBSF, OESV, OESK, OESQ e OESF.
Four Roses Small Batch: Um bourbon com maturação entre 6 e 7 anos, teor alcoólico de 45% e maior complexidade. No olfato, destacam-se especiarias, damasco e um toque de hortelã, com nuances de laranja. Na boca, mantém o sabor de damasco, mel, caramelo e especiarias, como noz-moscada. Ao abrir mais no copo, revela-se um toque de caldo-de-cana, nossa tradicional garapa. No final, longo, com notas de carvalho, frutas e especiarias. Suas variações incluem OBSK, OBSO, OESK e OESO.
Four Roses Single Barrel: Um bourbon mais envelhecido, com maturação entre 7 e 9 anos, marcante, com um punch firme e uma nota única: OSBV. Possui um teor alcoólico de 50%. No olfato, destaca-se frutas secas, como passas, baunilha e um toque floral sutil. Na boca, o centeio é bastante presente, acompanhado de mel, caramelo e açúcar mascavo, criando um sabor marcante. No final, é longo e persistente.
Audição final
É complicado compará-los, ainda mais quando se trata de categorias bem diferentes. Mas se fosse para escolher a ordem em uma playlist, eu ficaria com o Small Batch, em seguida com o Single Barrel e, por fim, o Bourbon de entrada. Lembrando que para cada momento, há um bourbon específico.
Sobre o álbum do Guns, é um disco que podemos ouvir todas as músicas sem a necessidade de pular para a próxima, ou seja, f*d@astico! Uma grande obra-prima.
E assim comprovamos que todos os caminhos nos levam a Shangri-lá, que nada mais é do que experiências únicas, repletas de alegrias, amores, histórias e descobertas.
Você pode ouvir algumas faixas do "Appetite for Destruction" aqui mesmo, em nosso site, ou acessar toda a nossa playlist no Spotify.
Dá vontade de ouvir e provar…